Eveline
Então... 


"I have this theory, that every now and then a person should get what they want right when they want it. It keeps you optimistic." ( Citação de Six Feet Under) 


Há as vontades.

Queria passar o dia aqui hoje, mas a vida [mais] que burocrática me chama.
Escreveria sobre tanta coisa. Há alguns dias quero escrever sobre o poema "Portugal Sacro - Profano" de Ruy Belo. Conhecem? Não iria fazer a análise. Eu sou péssima [e não gosto] em análise de poemas. Jamais escreveria academicamente sobre poesia. Um vez pensei em estudar psicanálise na poesia de Augusto dos Anjos. Ainda bem que desisti antes mesmo de começar a cometer essa loucura. 
Poesia faz parte do meu mundo lúdico. É só pra ler, sentir e pronto. Admiro quem estuda poesia... eu não, fico com a prosa [ e com o cinema, é claro] .  
Ah, escreveria sobre o texto de Clarice que coloquei abaixo, o que fala das [não] distrações. 
Hoje também  escreveria sobre uma cena do filme "Antes de Amanhecer". Vou deixar o vídeo aqui:  http://www.youtube.com/watch?v=nQpYHiB0k6k ( A música é tão gostosinha ) 

É isso. Volto qualquer dia desses e [quem sabe] escrevo sobre tudo isso.


Ah, viram? Esse blog não morreu. Uma amiga minha diz que só escrevo aqui quando vou viajar [tomada pelas ansiedades e empolgações]. Pois bem, vou tentar mudar isso. =]
Meu outro blog (Ao Relento) está mais atualizado do que este aqui. Lá tem a  E. Alvarez que espera uma visita de vocês. 


[é  que pra mim, dançar e escrever espantam monstros...]

Ps. Bebendo café frio. 


Eveline.
Marcadores: 0 comentários | edit post
Eveline
Olá, [Quanto tempo, heim? ]

Às vezes penso no porquê dessa necessidade de dar nome ao que se tem e ao que se sente em relação a alguém. Eu não sei, às vezes tabém sinto isso, mas às vezes fico feliz que algumas coisas existam sem nem termos que falar ou prestar atenção. Sabem aquelas sensações boas de conversar, estar perto, sorrir, ter coisas em comum, gostar, desejar? Tudo isso existe já numa certa plenitude, sem nomes, sem grandes problematizações.... mas, ahhh, há também um típico estranhamento, e que [tb] não deixa de ser bom.
Pensei nessas coisas ao reler hoje este texto de Clarice que tanto gosto.





Por não estarem distraídos  (Clarice Lispector) 


Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto.
No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.
Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.
Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.





É quase 2011...


Eveline.