Eveline

Dia de chuva quase sempre é melancólico. Para esses dias recomenda-se não ouvir The Smiths, Radiohead e até mesmo ler Sylvia Plath. Dizem que pode ser fatal. Dias chuvosos pra mim são como faca de dois gumes. Se posso ficar em casa, reclusa na minha concha é sinônimo de felicidade, mas se preciso trabalhar, fico incomodada. É como se algo tivesse fora do lugar. Hoje esse dia de chuva é meio termo. Ficar em casa também é sinônimo de trabalho. Não estou aproveitando o dia como queria, mas isso também é resultado da minha lentidão interna que é aguçada em dias chuvosos.
Ouvir the Smiths, arranhar versos, comer o que se tem vontade , ligar pra quem se gosta, ler um verso do Manoel de Barros, deitar e procurar um filme na Netflix, brincar com o cachorro, planejar a semana que vem, esquecer um pouco o relógio,arrumar a casa. Sim, dia de chuva.

Eveline

não presto pra seguir um relógio, os ponteiros sempre me atropelam. Eu odeio despertadores. Não presto pra seguir caminhos definidos, tenho medo de cursos sinuosas, mas sempre caio nesses caminhos. Não presto para falar o tempo todo, pra ficar perto de todos sempre. Não presto pra comer a mesma coisa todo dia, sempre preciso de novos sabores. Não presto porquê não presto. Não presto porque meu coração não tem algorítimo. Não presto porquê amo madrugadas e é difícil acordar pra o horário definido. Não presto porquê o suficiente não me basta, quero mais e quero sempre. Não presto porquê não sei ser, apenas sou. Não presto porquê sinto demais. Não presto porquê prefiro Woody Allen. Não presto porquê não presto. Não presto  porque não gosto que pessoas tenham acesso acesso a minha transparência. Não presto porquê sou lenta de manhã e não sei ser prática quando acordo. Não presto porquê nunca tive coragem de dizer que estava apaixonada pelo último cara que me apaixonei. Não presto porquê me apaixonei por ele. Não presto porquê ele nunca saberá. Não presto porque estou cansada de ser. Estou cansada. Não presto porquê sou feliz demais dentro das minhas entrelinhas. Não presto porque escrevo sem saber qual a próxima linha.

Eveline

Planejar! Acredito que essa seja uma das coisas mais difíceis que eu possa pensar em fazer. Ao mesmo tempo que sou uma pessoa ansiosa, também tenho problemas com rotinas e com coisas muito pré-estabelecidas. Gosto do inesperado, sinto necessidade de mudança sempre. Gosto de surpresas , das boas, claro. Me incomoda um pouco acordar e saber exatamente como vai ser meu dia. Prefiro a leveza da ausência de um relógio. Mas anyway, acredito que isso seja uma das necessidades impostas pela escolha de uma vida social.  Hoje, dei aula pela manhã e corri pra casa, pra minha concha, pra tentar organizar tudo para a semana que vem... preparar aulas, arrumar a casa, escolher filmes e livros...mas daí vem a parte mais difícil disso tudo, pensar em horários. Semana que vem parece ser realmente a semana que  o ano vai começar pra mim. Volto a dar aulas na outra escola que trabalho, além da universidade... daí preciso pensar sobre horários pra tudo, inclusive pra comer. Isso tudo me deixa nervosa. Eu como uma boa taurina ( e isso não necessariamente quer dizer alguma coisa), preciso de uma organização externa na vida, porque, do contrário, acabo bagunçando tudo do lado de dentro.

Hoje, achei na intenet um planner gratuito, cheio de coisinhas legais. O planner é desenvolvido por Michella Souza e está disponível para download, mas apenas para uso pessoal e não para comercialização. Vamos respeitar o trabalho da blogueira. 
Lá, dá pra organizar tudo, ou quase tudo na vida, filmes, trabalhos, alimentação, séries de tv, livros, metas ...tanta coisa. Acho que estou precisando de algo assim no momento. Preciso me organizar, pois há ainda algumas metas a alcançar e pra isso é preciso planejar. Não sou boa nisso,  definitivamente, mas é preciso. Começo fevereiro afirmando que vou tentar. Sim, tentar. 
Eveline.
Eveline
" E ela estava sempre off, como se estivesse  sempre com uma música na cabeça..."

Café com cheiro de anis,  OneRepublic tocando e reafirmando que a vida tem que ser boa, tempo nublado, calor, tempo que engole, falso girassol amarelo, a saudade de um outono azul, trabalho que bate na porta, falsa independência do país, cansaço, cartas a serem escritas, entrelinhas silenciosas, cachorro querendo brincar, pernas cansadas, ansiedades, saudades do tempo de 2006 e da cidade rodeada de canais e lagos, uma fita azul no cérebro. Blackstar do camaleão tão embaçada no coração congestionado. Incenso de baunilha.Rabisco de Poema. Mais café. Breathe.
Eveline

Amavisse

Como se te perdesse, assim te quero.
Como se não te visse (favas douradas
Sob um amarelo) assim te apreendo brusco
Inamovível, e te respiro inteiro

Um arco-íris de ar em águas profundas.

Como se tudo o mais me permitisses,
A mim me fotografo nuns portões de ferro
Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima
No dissoluto de toda despedida.

Como se te perdesse nos trens, nas estações
Ou contornando um círculo de águas
Removente ave, assim te somo a mim:
De redes e de anseios inundada.

Eveline
Das músicas que gosto tanto





"But you didn't have to cut me off
Make out like it never happened and that we were nothing
And I don't even need your love
But you treat me like a stranger and that feels so rough
And you didn't have to stoop so low
Have your friends collect your records and then change your number
I guess that I don't need that though
Now you're just somebody that I used to know

Somebody
(I used to know)
Somebody
(Now you're just somebody that I used to know)"



Eveline



"Lord knows I've tried
To do what's right
[...]
'Cause I smell a mean trouble
Lord,I smell trouble

Ahead of me, oh yeah
Yes, always in trouble..."

Eveline

In a Manner Of Speaking
(Nouvelle Vague)



"In a Manner of speaking
I just want to say
That I could never forget the way
You told me everything
By saying nothing

In a manner of speaking
I don't understand
How love in silence becomes reprimand
But the way that i feel about you
Is beyond words

Oh give me the words
Give me the words
That tell me nothing
Ohohohoh give me the words
Give me the words
That tell me everything

So in a manner of speaking
I just want to say
That just like you I should find a way
To tell you everything
By saying nothing..."
Eveline
"Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto."
[Fernando Pessoa - Livro do Desassossego, por Bernardo Soares]
Eveline


"You are the dream in my nightmare
I am that falling sensation
You are not needles and pills
I am your hangover morning
We are tangled
We are stolen
We are living where things are hidden..."