É domingo, mas acordei cedo com a pretensão de colocar em dia todas as
pendências. A gente sempre acha que tem
um dia que pode arrumar tudo, por dentro e por fora, mas a verdade é que, às
vezes, as entrelinhas das horas não deixam. Hoje, o que não me deixou começar a
ordenar tudo [Não, não sou virginiana] é
essa chuva bonita caindo pela minha janela. Não dá pra se isentar desse barulho que
acalenta tudo por dentro. O cair da
chuva parece um estado que faz com que o tempo pare e que nesse tempo a gente
pode sentir e fazer tudo o que quiser, como se existisse uma licença natural
pra isso. Vou pra janela e simplesmente
fico lá, longos minutos a fio. O café esfria e nem dou conta. Penso em tanta
coisa que o que não cabe mais em mim mando a chuva levar com ela. Nunca soube
fazer preces bonitas, mas acho que fiz uma hoje, mesmo que em silêncio, mesmo
sem saber se a chuva ouviu. A chuva lê a gente, [ou seria o contrário?] desvira cada palavra
truncada do lado de dentro, mesmo que elas se desvirem da maneira mais silenciosa
e que continuem ali, de alguma forma, escritas em outra cor, no canto delas. É então que o barulho da chuva vai dialogando
com as músicas do B.B. King. A chuva é
blues, mas também é blue. Daquele tipo de azul que é leve, tímido ou que parece querer gritar em neon. Com o blues e com as palavras [des] truncadas, a chuva transparente agarra o azul.
E, o que importa, no final das contas, não são as pendências do lado de
fora e nem do lado de dentro, mas que neste
domingo, aparentemente qualquer de junho, a chuva, B.B. King, uma prece e café frio pintaram tudo de Blue [s].
So, let it rain, let it rain... =)
Eveline.
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Como estava o Café? Alguma Palavra a deixar?